Você conhece a história do nosso destilado brasileiro?
Para começar, precisamos falar um pouco sobre a origem do álcool, fermentação e destilação: dessa forma podemos entender melhor quando surgiu a Cachaça.
A origem dos destilados
Durante séculos a humanidade saboreou bebidas fermentadas, principalmente, os babilônios com sua cerveja e os gregos com o vinho. Porém, os primeiros registros sobre a fermentação vieram do Egito Antigo.
Já as bebidas destiladas, vieram um pouco mais tarde, com os gregos, que registram o processo de obtenção da ácqua ardens, água que pega fogo ou água ardente. Foi no século 10 que Avicena – médico, astrônomo e filósofo árabe – descobriu o processo de destilação do material fermentado.
Com o passar do tempo e com o avanço da ciência, os químicos iniciaram a classificação dos álcoois e de sua extensa família. Gay Lussac, famoso químico francês, deixou sua marca em cada garrafa com a escala de teor alcoólico usada, a abreviação de seu nome: GL. Apesar de ainda ser comum encontrar medições na escala Cartier.
Os destilados no Brasil
Na década de 1530, os primeiros donatários portugueses iniciaram empreendimentos nas terras da América Portuguesa, especialmente nas capitanias de Pernambuco e São Vicente e implementaram diversos engenhos de açúcar. Surgiram então os primeiros núcleos de povoamento e agricultura na região e, apesar de não haver um registro preciso sobre o local da primeira destilação da cachaça, pode-se afirmar que ela se deu em algum engenho do litoral, entre os anos de 1516 e 1532. Dessa forma, a cachaça se tornou o primeiro destilado da América Latina.
A origem da Cachaça
Ainda no século XVI tivemos a introdução da cana-de-açúcar no Brasil e “cachaça” era o nome dado à primeira espuma que subia à superfície do caldo de cana que estava sendo fervido. Normalmente a espuma era fornecida aos animais ou descartada.
Já a segunda espuma era consumida pelos escravos, principalmente depois da fermentação, e após algum tempo também passou a ser chamada de cachaça também.
Com o passar do tempo, após a destilação da espuma e do melaço fermentados, a bebida passou ser chamada de aguardente e a cachaça se tornou moeda corrente para compra de escravos na África, o que fez alguns engenhos dividirem sua produção entre açúcar e a cachaça.
Cachaça: símbolo da inconfidência
A descoberta de ouro no começo século XVII em Minas Gerais traz uma grande população de migrantes, vinda de todos os cantos do país e, incomodada com a queda do comércio dos vinhos portugueses na colônia e alegando que a bebida brasileira prejudica a retirada do ouro das minas, a Corte Portuguesa proibiu em 1635 (e por várias vezes depois) a produção, comercialização e até o consumo da cachaça, além de incendiarem alambiques. Como símbolo dessa luta pela independência do país, a cachaça era servida nas reuniões conspiratórias dos Inconfidentes.
Com o tempo a interdição foi transformada em taxação, o que causou várias rebeliões pelos pesados impostos cobrados. A mais famosa foi a Revolta da Cachaça em 1660, em São Gonçalo – RJ.
Cachaça, história e tradição
Algum tempo depois, a cachaça passou a ser consumida por todos em banquetes palacianos e misturada ao gengibre e outros ingredientes, nas festas religiosas portuguesas – o famoso quentão.
Hoje a cachaça se tornou uma bebida de grande importância cultural, social e econômica para o Brasil. Produzimos oficialmente 1,3 bilhão de litros de aguardente por ano e é a segunda bebida mais consumida do país (atrás somente da cerveja) — cerca de 7 litros per capita, por ano.
A cachaça esteve presente no Brasil desde o início da colonização portuguesa, esteve diretamente ligada à atividade açucareira e foi símbolo de luta e independência. Não é a toa que hoje é um dos maiores tesouros da cultura nacional! Viva a cachaça!
